quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Revolução Ultra-Liberal

Radicais. Extremistas. Demagogos. São os adjectivos que a direita usa para classificar a esquerda. Mas se analisarmos o programa eleitoral apresentado pelo PSD para estas legislativas, são estes os adjectivos que nos vêm à cabeça.
Pedro Passos Coelho, caso vença as eleições e consiga levar avante as suas propostas, vai provocar a maior mudança política desde a revolução de Abril. A grande diferença, é que desta vez ela vem disfarçada pela capa da social-democracia. Desta vez o povo não vai sair à rua para a festejar, nem para a apoiar positivamente.
Ao lermos este programa, que é vendido na comunicação social como o "melhor programa eleitoral em Portugal", percebemos logo duas coisas. Primeiro, o PSD prepara-se para destruir, em 4 anos, as conquistas sociais que demoraram 40 anos a conquistar, sobre o bastião de um emagrecimento do Estado. Segundo, que o que este partido se propõe a fazer em prol do crescimento económico, do aumento de receitas, da competitividade é vago, demagógico, e pouco claro nas suas orientações politicas.
“O gordo”, o Estado português (que segundo eles só engordou nestes anos de Sócrates), vai passar a ser “o anoréctico”. Privatizações das empresas públicas que nos dão garantia como eleitores de ainda decidirmos algo neste país; despedimentos em toda a função pública, "reestruturações" em todos os ministérios (o da Cultura é para aniquilar); aumento do IVA, diminuição da TSU. Sobre as parcerias público-privadas e sobre os gastos desmesurados de executivos como, por exemplo o do Governo Regional da Madeira, nada!
E para pagar o empréstimo do FMI? Um pequeno parágrafo sobre a intenção de aumentar a receita fiscal. Mas ninguém sabe bem como. Os offshore da Madeira, uma porta escancarada para a fuga de capital do nosso país, parece nem existir no "melhor programa alguma vez apresentado em Portugal".
Aos trabalhadores espera-lhes o previsto pelo nosso amigo FMI, e um pouco mais ainda: despedimentos, flexibilização, reduções e reestruturações, as duas palavras preferidas deste programa. Outras áreas, que se sabem ser um podre deste país como a Justiça e Educação, apenas umas simples notas de intenções. A corrupção, o clientelismo, a promiscuidade entre poder político e poder económico nem a notas de intenção têm direito. Aqui é de notar alguma coerência, pois já que Passos Coelho se propõe a acabar com o poder político, não vale a pena perder tempo.
Ficam-se a rir os banqueiros, que terão de novo dinheiro para se endividar até a exaustão, os grandes empresários, que podem comprar empresas públicas em saldo para depois colocarem os lucros na Madeira sem que nada nem ninguém cresça economicamente com isso. O FMI e a Comissão Europeia, na ignorância de quem não sabe que não vai haver dinheiro para pagar o “castigo” que nos aplicaram.
Se esta Revolução Ultra-Liberal acontecer, não teremos, como na última revolução, o Largo do Carmo cheio de pessoas, gritando e cantado liberdade, de cravo na mão. Estaremos ocupados nas filas do Centro de Emprego à espera de uma esmola, ou então a apanhar o próximo avião para um fim do mundo melhor que este.

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